A declaração do novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, de que vai solicitar o início dos estudos para a privatização da Petrobras tem efeito apenas político, de retórica, para agradar os eleitores do presidente. Jair Bolsonaro, ainda inconformado com o aumento do diesel de 9% nas bombas, o que prejudica os caminhoneiros, queria dar uma satisfação de que ele está buscando alternativas contra os aumentos, apesar de não poder interferir na Petrobras. Assim, Bolsonaro demonstrou aos eleitores que demitiu o almirante Bento, que não estava agindo para garantir preços menores e mais, que quer privatizar a Petrobras para acabar com esse controle da empresa sobre os preços. Com isso, Bolsonaro sinaliza ainda que, se esta alternativa de levar adiante os estudos da desestatização não prosperarem agora, como todo mundo sabe que não prosperarão, já que não há tempo hábil prá isso e nem clima no Congresso, tem uma promessa feita aos seus fiéis eleitores do que fará a partir de janeiro de 2023, se for reeleito. Apesar da retórica, no curto prazo, nada acontecerá em termos de redução de preços até as eleições. A não ser que, por exemplo, a guerra da Ucrânia acabe e os preços do barril do petróleo caiam no mercado externo. Como o cenário não mudou, mudou apenas o ministro, o presidente tenta, enquanto isso, convencer seus eleitores de que está defendendo os interesses deles mas que, nem tudo, está nas suas mãos. Resta saber se esses eleitores se convencerão disso. O governo tenta assim se descolar da Petrobras, tentando deixar nas costas da estatal o problema do aumento e evitando que isso contamine a sua reeleição.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília