As declarações do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Adolfo Sachsida são sinais confiáveis de que o governo vai privatizar a Petrobras ou são mera tentativa de se descolar do desgaste político representado pelo aumento dos preços dos combustíveis? Se a venda do controle dessa gigante estatal dependesse unicamente de Paulo Guedes e Sachsida, a resposta seria simples, mas, no início do seu governo, Bolsonaro disse em várias oportunidades que não privatizaria Petrobras, Caixa e Banco do Brasil. O ativo representado pela Petrobras mobiliza os vários grupos que sustentam o governo e, frequentemente, os interesses são contrários. Se a privatização da Petrobras fosse para valer, qual seria o sentido de derrubar a atual política de preços dos combustíveis? Na cúpula militar, não há consenso sobre a privatização. No Centrão, não há clareza se o controle do orçamento é suficiente para apoiar Bolsonaro. Ontem, o presidente respondeu que o destino de José Mauro Coelho depende de Sachsida. Não foi a frase que o presidente da Petrobras gostaria de ouvir. Em qualquer hipótese, o que parece descartada é a venda da estatal neste ano.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília