Na sexta-feira em que Lula derrubou a meta fiscal de 2024, o Correio Braziliense publicou entrevista com Fernando Haddad realizada na véspera. Foi a última manifestação pública do ministro da Fazenda. Em uma das perguntas, os jornalistas afirmaram que a aprovação de projetos que aumentam a arrecadação não será suficiente para zerar o déficit primário em 2024. Haddad respondeu: sim. Os repórteres quiseram saber dele se vai ser um problema descumprir a meta. Haddad fez uma comparação entre as metas de resultado primário e de inflação, mas iniciou a resposta afirmando que o mercado prevê para o ano que vem déficit de 0,8% do PIB porque sabe da dificuldade, sobretudo neste segundo semestre. Pareceu uma defesa menos enfática da promessa de equilíbrio entre receitas e despesas em 2024. Na sexta-feira, parlamentares teriam ouvido de interlocutores da equipe econômica que nada mudou, apesar do que disse Lula. A relação entre presidentes e seus ministros da Fazenda é tensa. FHC teve Pedro Malan por oito anos seguidos, mas não foi fácil. Lula teve Antonio Palocci, mas o substituiu por Guido Mantega, que ficou na cadeira nove anos seguidos. Michel Temer teve Henrique Meirelles, mas por aproximadamente dois anos. Jair Bolsonaro dizia que não entendia de economia, mas seus interesses políticos sempre prevaleceram sobre o que dizia Paulo Guedes. Lula fez questão de dizer que a Selic tinha de ser cortada porque não havia inflação de demanda.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Marcelo Camargo, Agência Brasil