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Os números da desancoragem fiscal

O presidente do Banco Central tem comentado que há desancoragens gêmeas ao se referir às expectativas distantes do que há nas metas de inflação e de resultado fiscal. Especialistas em orçamento têm detalhado os números que lastreiam essa desconfiança. O PLOA 2024 tem R$ 168 bilhões em expectativas de arrecadação que terão alguma frustração no Congresso. No mercado, muitos consideram que metade desse valor ou R$ 84 bilhões podem sobreviver. Poucos acreditam que o governo vai arrecadar R$ 34 bilhões em concessões de ferrovias. A desoneração da folha pode retirar de R$ 10 bilhões a R$ 20 bilhões. Análises preliminares apontam que o gasto previdenciário está subestimado entre R$ 12 bilhões e R$ 20 bilhões. O ano que vem terá pressão para reajustes salariais de servidores e R$ 10 bilhões poderiam ser considerados nessa conta. Promessa de campanha de Lula, o reajuste da tabela do Imposto de Renda é uma marca dos governos do PT. Somando-se esses itens, a frustração de resultado primário supera R$ 200 bilhões em cenário conservador, o que vai exigir algum contingenciamento. Nesse contexto, tem prevalecido a especulação de que a equipe econômica tem plano de manter a promessa de equilíbrio entre receitas e despesas até março para ganhar tempo no Congresso. Além disso, a Selic pode cair para 9,25% em meados de 2024. Com esses dois impactos positivos, o crescimento da atividade econômica pode acontecer e elevar a arrecadação, o que abriria espaço para reverter o que for contingenciado em março.

Arnaldo Galvão – Direto de Brasília

Foto: Agência Brasil

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