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O túnel do tempo de Lula

A experiência de ter sido presidente por oito anos, de 2003 a 2010, foi marcante e funciona como sólida referência para Lula no início deste terceiro mandato, mas os contextos político e econômico são muito diferentes. Na última reunião do Copom de 2002, sob a presidência de Armínio Fraga, a meta da Selic estava em 22% ao ano e foi levada a 25%. Vinte anos atrás, Henrique Meirelles assumia o comando do Banco Central, sem autonomia operacional prevista em lei, mas aumentou a Selic na primeira reunião do Copom. A decisão foi tomada em conjunto com os demais diretores. Naquela primeira reunião do Copom em 2003, o contexto era de crítica aos juros altos, mas o BC subiu a Selic, novamente, para 25,5% em janeiro. Em fevereiro, aumentaram as críticas ao aperto monetário, mas a taxa básica de juros foi elevada, novamente, para 26,5% e assim ficou até junho, quando o BC começou um ciclo de redução da Selic. Outro episódio marcante do começo do governo Lula aconteceu na troca de comando da Anatel. O economista Luiz Guilherme Schymura tinha assumido mandato de três anos em maio de 2002 no fim do governo Fernando Henrique Cardoso, mas renunciou em janeiro de 2004 depois de especulações de pressão do Executivo e falta de apoio dos empresários do setor de telecomunicações. Nesse caso da Anatel, o mandato não chegou a blindar o presidente.

Arnaldo Galvão – Direto de Brasília

Foto: Evaristo Sá, AFP

Foto é pretexto de Lula para ofensiva contra o BC

Como o governo pode pressionar o BC a reduzir juros