O relatório trimestral de inflação aumentou a previsão de crescimento do PIB deste ano de 1,2% para 2%, apesar de a pesquisa semanal Focus ter chegado a 2,14%. Por outro lado, Fernando Haddad tem dito que o otimismo tem prevalecido e o Brasil vai crescer mais do que o esperado. Ministros da Fazenda têm de ressaltar mensagens otimistas, principalmente nos países onde o BC tem independência ou autonomia. Essa ruptura proposital do ciclo político com o ciclo da política monetária, já adotada em muitos países, deixa ainda mais evidente a separação entre as linguagens técnica e eleitoral. Lula sabe que o crescimento é a via para incluir eleitores nos benefícios do emprego e da renda. O Banco Central sabe que tem de cumprir a meta de inflação, definida pelo governo, com o menor sacrifício possível. O presidente Roberto Campos Neto, em dia de reunião ordinária do CMN, deu uma longa entrevista coletiva para comentar o relatório trimestral de inflação. Disse que uma meta contínua pode ser um avanço porque, em alguns momentos do passado, decisões questionáveis foram tomadas por causa do ano-calendário. Por outro lado, ponderou que aumentar a meta de inflação ou torná-la mais flexível, pode trazer resultados contrários aos desejados.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado