O recado do Banco Central não poderia ter sido mais claro. O diretor de Política Econômica, Diogo Abry Guillen, abriu a entrevista coletiva do relatório trimestral de inflação com um alerta. Disse que faltam recursos para trabalhos técnicos de pesquisa e projeções. A área dele teve redução de orçamento e os funcionários precisam ter suas carreiras valorizadas. O presidente Roberto Campos Neto comentou que o BC passa por um momento difícil. Houve uma greve no ano passado e as expectativas foram frustradas no fim do mandato de Jair Bolsonaro. Algumas reivindicações não aumentam gastos com pessoal, mas há gente deixando o BC. Nesses momentos, há comparação e, recentemente, os funcionários da Receita Federal conseguiram, depois de anos de reivindicações, a publicação de um decreto que regulamentou o bônus de desempenho. Campos Neto revelou que tem mantido contato com o governo sobre esse problema e faz dez anos que não é realizado concurso para a contratação no BC. Na avaliação dele, há preocupação com a agenda inovadora que exige funcionários capacitados e animados. A plataforma de pagamentos instantâneos Pix e o open finance são apenas dois exemplos recentes das medidas de inclusão financeira e aumento da concorrência que o BC vem liderando no Brasil.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
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