Uma importante definição econômica está sendo aguardada para hoje em reunião do núcleo duro de Lula. Neste encontro espera-se que seja acertado qual caminho o novo governo tomará para encontrar recursos dos R$ 600 para as 21,1 milhões de famílias e outros benefícios que são promessas de campanha. As contas, de acordo com interlocutores do PT, não estão fechadas ainda. Mas as discussões, algumas realizadas neste fim de semana em Brasília, passam por valores entre R$ 160 bilhões e R$ 200 bilhões. O furo do teto poderá não incluir o reajuste da tabela de isenção do Imposto de Renda. Uma das propostas é entrar com uma PEC para tentar aprová-la nos 34 dias úteis que restam este ano, com 2 votações na Câmara e 2 no Senado, não esquecendo dos feriados e início da Copa do Mundo de futebol. Proposta de difícil execução, principalmente pelo exíguo tempo. Essa opção implicaria em uma ampla conversa com os comandos das duas Casas e passaria pelos interesses de Lira e Pacheco, que querem permanecer nos seus postos, além de já ter sido bombardeada por aliados, entre eles Renan Calheiros, inimigo ferrenho em Alagoas de Lira. Por outro lado, o PT tentará hoje, em outra reunião, atrair o MDB para a base, com direito a representação na equipe de transição. Paralelamente a isso, o PT pensa em adiantar os trabalhos, encaminhando uma consulta ao TCU para que autorize a edição de uma MP com crédito extraordinário. Esse modelo atende ao MDB e é mais fácil de ser executado. Resta saber quem assinará a MP, se seria feito pedido ao atual governo, que exigiria uma nova e problemática negociação, ou enviá-la em 1° de janeiro, já assinada por Lula. Ontem, Ciro Nogueira advertiu que o TCU é órgão de assessoramento do Poder Legislativo e não o contrário, sinalizando que o próprio Congresso está de olho na perda de poder dos parlamentares que isso poderia significar e que, nestas discussões “amigáveis” da transição, nem tudo será tão fácil.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília
Foto: AFP