No primeiro semestre, o governo enfrentou a decisão sobre a meta de inflação com ruídos. Lula disse que a meta de 3% poderia ser aumentada, mas Fernando Haddad entrou em campo e convenceu o presidente do erro que seria tolerar mais inflação. De alguma maneira, Lula entendeu que o Banco Central teria mais um argumento para manter a Selic em patamar alto. Em 27 de outubro, Lula disse que a meta fiscal do ano que vem não será de equilíbrio entre receitas e despesas. Para o presidente, não há problema se as contas federais tiverem déficit de 0,25% ou 0,5% do PIB em 2024. Haddad e Roberto Campos Neto dizem que há problema e manifestam sua opinião de maneiras diferentes. Os críticos de Haddad, alguns deles ministros de Lula, afirmam que a meta de resultado primário de 2024 é muito arriscada porque conta com um aumento de arrecadação que não está sendo aprovado pelo Congresso. Lula deixou claro que não quer contingenciar mais de R$ 50 bilhões no começo do ano que vem para cumprir a meta e deprimir a agenda de investimentos do governo em pleno ano eleitoral. O ruído continua e Haddad tem poucos dias para exercer seu poder de convencimento com o presidente.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Adriano Machado, Reuters