O ministro da Fazenda quer atacar os privilégios do que ele chamou de “campeões do orçamento”. Foi uma ironia às críticas aos financiamentos que o BNDES fez durante os governos Lula e Dilma Rousseff e beneficiaram grandes empresas ligadas a uma ideia de política industrial ou de desenvolvimento. A missão de Fernando Haddad é difícil porque ele já se comprometeu a manter o Simples e evitar a criação de tributos e elevar a carga de impostos e contribuições federais. Se o equilíbrio fiscal do novo arcabouço precisa de até R$ 150 bilhões adicionais na arrecadação, o ministro quer acabar com vantagens setoriais e privilégios que sobrecarregam quem cumpre suas obrigações, mas parece que o jogo ainda não foi combinado com o Congresso. A ideia é simples: se todos pagarem seus tributos, todos pagarão menos. É a discussão do custo da meia-entrada ou, nas palavras do ex-ministro Paulo Guedes, não há almoço grátis. Haddad continua criticando a Selic de 13,75%, mas quando joga luz na falta de sentido dos jabutis orçamentários, defende indiretamente a relação institucional que é obrigado a manter com o Banco Central.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Marcelo Camargo, Agência Brasil