Passada a euforia pela vitória da aprovação da PEC 45 na Câmara, Fernando Haddad volta à defesa da Reforma Tributária no Senado com a nítida preocupação de manter o foco e evitar perturbações laterais que podem ameaçar o conjunto da principal mudança estrutural da economia neste ano. O passado recente mostra que a atuação de Paulo Guedes foi um obstáculo para que o Brasil pudesse ter um sistema de impostos e contribuições mais atualizado. O fatiamento da Reforma, defendido pelo ministro da Economia de Jair Bolsonaro, fracassou quando o Senado recusou-se a votar as mudanças no Imposto de Renda. Antes disso, o projeto da CBS praticamente não avançou. O contexto agora é outro. O ministro da Fazenda de Lula teve papel decisivo na interlocução com o presidente da Câmara e garantiu recursos da União para os fundos de desenvolvimento regional e compensação de perdas de arrecadação de Estados e municípios. No aspecto técnico, a escolha de Bernard Appy como secretário extraordinário para a Reforma Tributária facilitou as inúmeras conversas e negociações que culminaram com o sucesso da semana passada.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Diogo Zacarias, MF