O ministro da Fazenda participou nesta manhã da abertura de evento do BTG sem abordar diretamente o conflito interno do governo sobre a meta fiscal de 2024, mas fez comentários que tocam o assunto indiretamente. Fernando Haddad repetiu o apelo aos três Poderes para corrigir a distorção da erosão fiscal que reduziu a arrecadação federal em mais de R$ 160 bilhões neste ano e que deve impactar em mais de R$ 200 bilhões nas contas do ano que vem. Ao comentar as perspectivas da inflação, o ministro reiterou que vai continuar trabalhando para manter o ciclo de cortes da Selic e que o desafio de curto prazo é arrumar a casa. Na avaliação de Haddad, isso não é ortodoxia, mas a tarefa do momento. O Brasil, na visão dele, pode fazer a economia crescer porque a Selic está em 12,25% e, portanto, há espaço para ter juros civilizados desde que haja compromissos dos três Poderes, sem provocação. Aparentemente isolado na defesa da ousada meta de zerar o déficit primário em 2024, Haddad sabe que a condução da política fiscal é fundamental para o Banco Central continuar a cortar os juros. O sinal dado por Lula, de mais tolerância com gastos, está na direção contrária.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Diogo Zacarias, MF