Paulo Guedes era um veterano economista, professor, banqueiro e colunista de jornais quando chegou ao governo federal em 2019, como ministro da Economia de Jair Bolsonaro, e enfrentou um cenário político marcado pela agressividade do seu chefe. O presidente prefere um mundo onde amigos guerreiam contra inimigos na luta do bem contra o mal. Guedes disse que quer ficar no comando do Ministério da Economia se Bolsonaro for reeleito, mas sabe que a vontade dele não basta. A visão de um mundo binário com as lentes de Bolsonaro não ajuda Guedes porque ele gosta de argumentar que um Estado mínimo pode melhorar a vida das pessoas. Na semana passada, 19 de maio, Guedes participou de um evento onde praticamente toda a plateia era sua claque. Lá, defendeu a agenda de mudanças que o Brasil tem de cumprir para ser aceito na OCDE e citou o exemplo do imposto digital. A resposta de Bolsonaro veio pelo Twitter em 21 de maio. O presidente vetou aumento de impostos e disse que a fiscalização é a saída contra os sites chineses que vendem cada vez mais às pessoas físicas no Brasil e prejudicam o varejo local. Guedes sabe que não consegue emplacar todas as suas ideias e chegou a dizer nesse evento com apoiadores: “estou cagando para a política; quero ajudar o Brasil”. Na rotina agressiva de Bolsonaro, também faz política quem diz desprezá-la.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília