Em meio ao anúncio do novo arcabouço fiscal que vai substituir o teto de gastos, os integrantes da equipe econômica do governo Lula sabem que terão de enfrentar um desafio político maior se quiserem desengessar o orçamento e liberar mais recursos públicos para investimentos. Reduzir o gasto obrigatório é um obstáculo que todos os governos enfrentaram, mas fracassaram. O viés político do governo Lula é mais sensível aos defensores dos pisos constitucionais para saúde, educação e assistência social. Em um país que gasta muito e gasta mal, a obrigação de destinar verbas públicas para esses setores resiste a qualquer cartilha econômica mais liberal. A pandemia foi um choque que atingiu os planos do ex-ministro Paulo Guedes e valorizou o SUS. O ministro Fernando Haddad passou sete anos à frente do MEC e sabe muito bem qual é a pauta da educação pública no Congresso. Na nova estrutura do Ministério do Planejamento e Orçamento, a Secretaria de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas, comandada por Sergio Firpo, será cobrada para apresentar dados e resultados. Gastar muito e gastar mal é um problema que vai além da rigidez orçamentária e passa pela concessão de subsídios, custos da política monetária e despesas com Previdência e pessoal.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
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