Em um longo debate sobre política monetária organizado hoje pelo TCU, ex-dirigentes do Banco Central foram elogiosos quando analisaram a atuação da instituição em meio à pandemia, mas mostraram-se céticos quanto às condições políticas do Brasil. Armínio Fraga disse que o arcabouço fiscal vem sendo destruído desde 2014 e o ambiente não tem sido bom ultimamente sobre democracia e estabilidade. Na visão dele, falta confiança e as perspectivas não são muito boas. “Temos um problema seríssimo na área fiscal. Estamos brincando com fogo”, alertou. Para Ilan Goldfajn, o Brasil vai entrar em um ano complicado combatendo a inflação em meio à eleição, o que eleva a volatilidade, e com juros subindo no mundo todo. “BC tem de admitir que não consegue substituir a âncora fiscal”, comentou. O economista André Lara Resende disse que o risco no Brasil não é fiscal, mas político e institucional. “Combater inflação nesse contexto de tensão é colocar o BC na berlinda”, criticou. Roberto Campos Neto afirmou que é importante que o governo sinalize qual é o arcabouço fiscal nos médio e longo prazos.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília