Não é só Fernando Haddad que está preocupado com os gastos obrigatórios e despesas vinculadas pela Constituição. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o ministro da Fazenda disse que até o final do ano o governo pretende criar um mecanismo de controle destes gastos que ficaram fora do teto de 2,5% estabelecido pela NRF (nome dado por Haddad ao arcabouço). Textos de economistas como Pedro Rossi e Ricardo Carneiro, ambos da Unicamp e críticos à proposta de arcabouço, amplamente divulgados em grupos de dirigentes e lideranças petistas, também apontam a possibilidade de estes gastos provocarem desequilíbrio orçamentário. No artigo “10 críticas e 1 elogio ao novo regime fiscal”, Rossi diz que o desenho pode causar um “efeito achatamento” em outras despesas do governo. Ricardo Carneiro reforça a tese no artigo “A âncora da economia brasileira”. Segundo ele, o modelo vai provocar “restrições permanentes” às despesas discricionárias, como aumento do salário mínimo, política habitacional e investimentos em ciência e tecnologia. Textos como os de Rossi e Carneiro têm servido de munição aos setores do PT que torceram o nariz para o arcabouço e defendem o aumento de gastos públicos como estratégia para retomada do crescimento.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo
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