O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, são dois exemplos de experientes diplomatas que defendem o ambicioso projeto de integração sul-americana representado pelo Mercosul. A vitória de Javier Milei na Argentina é a maior ameaça porque, pela primeira vez, o maior sócio do Brasil nessa empreitada pode atuar contra a ideia. Os resultados econômicos dessa união aduaneira imperfeita estão muito abaixo das perspectivas políticas do Mercosul. O regime automotivo é o maior sucesso da integração das cadeias produtivas, mas o açúcar, por outro lado, nunca obteve as vantagens do livre comércio entre os quatro países do bloco. A indústria paulista ainda vê o mercado argentino como fundamental. Milei pode não gostar do Mercosul, mas é muito difícil nadar contra a corrente. Paulo Guedes tentou, mas não passou de uma redução da tarifa externa comum que foi anulada pelas variações cambiais e da inflação. A criação do Mercosul tirou a Argentina do radar das Forças Armadas que monitora riscos à defesa nacional. A Amazônia passou a ocupar esse lugar. Parece pouco, mas é uma enorme evolução para a estabilidade da região. Como diz um brilhante embaixador brasileiro, “ninguém corta o galho onde está sentado” e “política externa começa com a política interna”.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom, Agência Brasil