Apesar de a saída do ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, ter sido uma surpresa, já havia um grande desgaste dele com o presidente Jair Bolsonaro, no episódio da nomeação de José Mauro Ferreira Coelho para a direção da Petrobras. O nome de Coelho foi bancado por Bento, depois da confusão com a tentativa de colocar Rodolfo Landim e Adriano Pires no cargo, mesmo com os problemas de compliance de ambos.
Bolsonaro achava que Coelho seguraria os preços, como era seu desejo, e a recomendação foi transmitida a Bento e ao novo ocupante da estatal. Só que na prática as coisas não acontecem assim e, menos de um mês depois de assumir o cargo, Coelho deixou claro que não desobedeceria as regras da empresa e, em seguida, autorizou aumento do preço do diesel, para desespero do presidente. Desde o aumento do diesel, Bolsonaro queria uma cabeça para mostrar como troféu na queda de braço com a Petrobras, já que não tem o que fazer para conseguir segurar os preços. Como já tinha trocado o presidente da Petrobras e, na live, já havia cobrado também do MME, sobrou para o ministro. Bento Albuquerque preferiu sair a pedido, apesar de ter ficado sem espaço no governo e, de acordo com fontes militares, não pretende sair atirando. Paulo Guedes cresceu no episódio. Foi chamado para apresentar uma sugestão e ofereceu o nome de Adolfo Sachsida que, mesmo sendo ligado a ele próprio, tem tido muita proximidade com Bolsonaro, de quem tem recebido seguidos elogios. Mais uma vez a campanha eleitoral e a necessidade de dar uma demonstração cabal para os eleitores de que está tentando encontrar uma forma de segurar os preços dos combustíveis e, em consequência a inflação, fez Bolsonaro usar a sua caneta para demitir um “responsável” pelo reajuste. No entanto, todo o governo sabe que a medida não irá segurar os próximos aumentos. Portanto, esta é apenas mais uma batalha desta guerra.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília