O presidente do Banco Central disse à revista Veja que o quadro técnico da instituição tem forte influência sobre os integrantes do Copom e que, portanto, a política monetária e o sistema de metas de inflação serão mantidos depois da saída dele no fim do ano que vem. Um vídeo da entrevista realizada em 21 de agosto foi veiculado hoje. Roberto Campos Neto disse que os diretores do BC estão aprendendo a conviver com um governo que não escolheu a maioria deles. Sobre as críticas à condução da política monetária, ele defendeu o Copom e fez dois comentários. Em primeiro lugar, ressaltou que, diferentemente do que disse Lula, há mais inflação de demanda que de oferta. Além disso, afirmou que o BC tem de combater choques de segunda ordem – contaminação dos preços da economia – mesmo nas hipóteses nas quais há mais inflação de oferta. Outro problema brasileiro que, segundo Campos Neto não é exclusivo do atual governo, é o do crescimento real de gastos. Ele alertou, mais uma vez, que o fiscal tem de ser ancorado para que a taxa neutra de juros possa ser reduzida.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Joedson Alves/EFE