As ousadas metas fiscais que estão no centro da disputa interna do governo Lula são fundamentais para convencer o Banco Central a reduzir a Selic mais rapidamente. A aposta de Fernando Haddad parece ser a de que a queda da taxa de juros compensaria o impulso fiscal negativo em 2024. O maior desafio dessa estratégia está na política. Vários ministros pressionam Lula a olhar para o ano que vem e alegam que Haddad olha para um prazo mais longo. No Congresso, a resistência é de outra natureza. Depois da PEC da Transição, muitos deputados e senadores avaliam que aumentar a arrecadação significa elevar a carga tributária, o que contraria seus interesses. Acima disso, consideram que aprovar os planos de Haddad fariam do presidente o vitorioso em 2026. Nos bastidores do governo, a troca de fogo é intensa. A equipe de Haddad defende sua estratégia de salvar as metas fiscais ao afirmar que elas vão consolidar o cenário de crescimento sustentável da economia. É o objetivo de tentar harmonizar as políticas fiscal e monetária que o ministro da Fazenda repete frequentemente. No lado oposto, os críticos de Haddad falam que Lula está tentando salvar seu ministro preferido de um déficit primário zero em 2024 que vai cobrar um preço político alto demais.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Marcello Casal Jr., Agência Brasil