A repercussão negativa do levantamento do Banco Central sobre o volume de transferência de recursos das famílias para apostas online deve ganhar impulso no Congresso após o primeiro turno das eleições municipais, independentemente da antecipação das ações pelas próprias empresas.
Governistas e oposição dão sinais de que vão priorizar o assunto e brigar pelo protagonismo nas iniciativas que visam restringir o acesso e as formas de pagamento.
Já há projetos protocolados nesta linha, entre eles as propostas do ex-líder petista, Reginaldo Lopes (MG). Enquanto a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse à Folha que o Congresso precisa fazer “alguma coisa” ainda neste ano porque não se tinha noção dos “efeitos nocivos” sobre o endividamento das famílias, a bancada evangélica diz que vai trabalhar para que as bets sejam proibidas.
As empresas de apostas online foram liberadas em 2018, no governo Temer, e só houve movimentação para regulamentação no ano passado. “Só queriam arrecadação”, criticou o deputado Sostenes Cavalcante (PL/RJ), um dos líderes da bancada evangélica, que fez oposição ferrenha ao andamento do projeto em 2023. Sostenes disse ao BAF que “alertou sobre tudo o que está acontecendo”.
No Senado, o movimento de aperto às bets é capitaneado pelo senador Omar Aziz (PSD/AM), que pressiona a PGR para tirar os sites do ar até que a regulamentação entre em vigor. Ao BAF, Aziz disse que o fenômeno está prejudicando as vendas no comércio, que as famílias estão recorrendo ao crédito consignado, que restrição a pagamento com cartões de crédito não é suficiente e que aprovação de projetos demora, haja vista que o tema é urgente.
Aziz afirma que o objetivo não é acabar com as apostas, mas avançar com a regulamentação. “Quem tem Bolsa Família não pode jogar”, observou. O senador pretende conversar sobre o tema com o ministro Fernando Haddad para cobrar medidas mais rápidas.
Equipe BAF – Direto de Brasília
Foto: Reprodução