A ideia de criar uma meta de reservas internacionais a 18 dias da eleição revela que é forte a vontade de mostrar que tudo vai bem na economia e os brasileiros podem voltar a sonhar com as viagens à Disney e com menos impacto dos preços em dólar na inflação. Na equipe econômica, há quem diga que o real merece estar 20% acima da atual cotação do dólar. Um admirado guru do câmbio no Twitter fala em 10%. O movimento de lançar essa polêmica ideia neste momento tem indisfarçável viés eleitoral e provoca muita especulação. Uma piada contada em reunião de banqueiros centrais ficou famosa. Pergunta-se para que serve o câmbio. Qualificados comandantes de políticas monetárias respondem com jargões, mas o autor da pergunta diz que ele serve para deixar os economistas mais humildes. No Brasil, as reservas internacionais provaram sua eficácia em vários momentos de crise e ataque ao real. Quem ouviu a proposta de criar meta de reservas para deixar o câmbio menos volátil questionou por que a ideia não foi lançada em 2019. Além disso, a conjuntura global de inflação e recessão parece não permitir esse luxo. A guerra na Ucrânia começou em fevereiro e todos os analistas que arriscaram um palpite passaram vergonha. A ideia da meta para reservas internacionais parece voluntarismo que pretende melhorar a percepção dos eleitores, mas que, na prática, vai provocar mais instabilidade.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília