A decisão do governo boliviano de reduzir a quantidade de gás exportado ao Brasil também mexeu com o humor de Jair Bolsonaro. Segundo fontes palacianas, a iniciativa ajudou a apressar a mudança no comando da Petrobras. Paulo Guedes já queria Caio Andrade em uma das diretorias da estatal desde outubro do ano passado, quando começava o desgaste do então comandante da Petrobras, general Silva e Luna, e o Planalto. Na época, Bolsonaro e Guedes pressionaram pela entrada de Caio, mas Silva e Luna – que ainda tinha algum poder junto ao governo – rejeitou a tentativa de levá-lo para a empresa e conseguiu convencer o presidente disso. Em março deste ano, o ministro da Economia tentou emplacar Andrade, que também tem relação com Bolsonaro. No entanto, acabou perdendo a queda de braço para então ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, demitido na sequência. Com a saída de Bento e a retomada dos poderes de Guedes, ele e o presidente decidiram pela demissão de Mauro Coelho. Não estão descartadas as trocas de outros diretores da empresa, como de TI, Financeiro e de Relações Institucionais, assim como de integrantes do Conselho de Administração da Petrobras. A mudança no Conselho, um antigo desejo de Bolsonaro, pode facilitar a mudança na composição do preço dos combustíveis, evitando reajustes tão frequentes, principalmente por causa da volatilidade em consequência da guerra na Ucrânia.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília