Jair Bolsonaro enfrenta números desagradáveis nas pesquisas de intenção de voto atrás do líder Lula e vendo seu ex-ministro Sergio Moro ocupando a terceira posição, mas se aproximando. Independentemente dos candidatos à sua cadeira, o presidente pode perder a reeleição porque o fraco desempenho da economia sempre castiga os governos. A conjuntura que se projeta para a campanha da reeleição é a pior possível nesse aspecto. Ontem o Banco Central deu mais um passo na esperada elevação da Selic para 9,25% e repetiu a sinalização de novo aumento de 150 pontos-base na reunião de 2 de fevereiro. A pesquisa Focus tem expectativa de a taxa básica de juros encerrar 2022 em 11,25% ao ano. Com o ciclo contracionista, o impacto será negativo no crescimento do PIB, apesar do que tem dito o ministro Paulo Guedes. As taxas de desemprego devem se manter altas no ano que vem. Ao divulgar porque elevaram a Selic para 9,25%, os integrantes do Copom citaram, entre outros fatores, que a variante ômicron adiciona incerteza sobre a recuperação das economias centrais e há evolução moderadamente abaixo do esperado para a atividade econômica no Brasil. Novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país. Questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevam o risco de desancoragem das expectativas de inflação. Muita gente em Brasília aposta que Bolsonaro está arrependido de ter apoiado a autonomia formal do Banco Central.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília