A desancoragem das expectativas, a resistência dos preços dos serviços e a ocorrência da inflação de demanda, diferentemente do que disse o presidente Lula, são expressões que integram a ata do Copom e os comentários do diretor de Política Econômica do Banco Central, mas mostram a distância entre o que pensam a equipe econômica do governo e a autoridade monetária com mandato de autonomia operacional. Em evento do Goldman Sachs nesta manhã, Diogo Abry Guillen repetiu que as decisões do Copom são técnicas e requerem paciência e serenidade. Nas palavras de Lula, há uma mensagem oposta, de pressão para reduzir juros e fazer o Brasil retomar o crescimento. Os encontros do ministro Fernando Haddad e do seu secretário-executivo Gabriel Galípolo com dirigentes do BC foram, aparentemente, insuficientes para garantir que o novo arcabouço fiscal vai atuar positivamente nas expectativas. Outro recado da ata para o governo foi o do crédito, público e privado, que tem de seguir a direção da contracionista Selic.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
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