Mesmo com o governo pressionando para segurar reajustes na Petrobras, o mercado tem puxado os preços dos combustíveis para cima. Com a refinaria de Mataripe privada e repassando os reajustes dos preços internacionais, a capacidade da Petrobras de segurar preços artificialmente é mais restrita do que antes das vendas dos ativos. Os preços mais altos na refinaria da Bahia impactaram boa parte do Nordeste, abastecido pela antiga RLAM, e foram captados pela pesquisa de preço da ANP mesmo sem mudança nos preços da Petrobras. É o paradoxo de Bolsonaro desde o início de sua gestão: ao mesmo tempo que defende as ideias liberais de Paulo Guedes e sugere a privatização da petroleira, o governo tenta interferir nos preços dos combustíveis a todo custo para evitar aumento na inflação e o estrago político da carestia. Além do peso da empresa no Nordeste, outro fator que contribuiu para puxar os preços para cima é a alta do etanol anidro, usado para mistura na gasolina dos postos de combustíveis. A produção de açúcar tem sido mais rentável para as usinas, que também entregam contratos de exportação do etanol. Integrantes do MME dizem que o governo pode atuar caso o anidro se estabeleça como fator muito significante no aumento dos combustíveis, mas admitem que são baixas as chances de reverem a mistura atual na gasolina, por exemplo.
Equipe BAF – Direto de Brasília
Foto: Vaner Santos, EPTV