Um dos motivos para que Lula tenha jogado água fria no cronograma para apresentação da nova regra fiscal é o entendimento de que o governo ganhou a disputa sobre a necessidade de derrubar a taxa de juros, tanto na sociedade quanto entre economistas e políticos. Por isso, segundo fontes do governo, o arcabouço já não é mais urgente. Estas fontes lembram que o marco fiscal que vai substituir o teto de gastos não estava na lista de prioridades imediatas de Fernando Haddad e passou a estar, por ordem de Lula, depois que o presidente do Banco Central disse, em entrevista no Roda Viva, que o arcabouço ajudaria a reduzir os juros. A conjuntura agora é outra. A visão de que a Selic de 13,75% está acima de qualquer índice razoável se tornou quase uma unanimidade. Agora Lula prefere apresentar a nova regra fiscal depois da reunião do Copom, sem o risco de que a proposta do arcabouço fosse desmoralizada pela autoridade monetária e em um ambiente político mais tranquilo. Faltou combinar com Haddad.
Ricardo Galhardo – Direto de Brasília
Foto: Ricardo Stuckert, PR