Durante a votação da PEC da Transição, o deputado Tiago Mitraud (Novo/MG) fez um discurso na Câmara criticando os falsos direitistas que agora votavam com o PT. Da tribuna, Mitraud concluiu que mal o novo governo começava e o Congresso já se rendia a ele. Lula conseguiu aprovar a proposta (com mudanças) agora, mas isso não quer dizer que o caminho da governabilidade está todo pavimentado para o ano que vem. Arthur Lira, que viu parte de sua força limitada pelo STF, não atrapalhou, pelo contrário, em nome da tranquilidade que precisa para sua reeleição à presidência da Câmara impôs efeito administrativo para manter o quórum alto e até colocou sua digital na hora de votar. Um importante aliado do novo governo disse ao BAF que “antes ele (Lira) jogava só. Agora tem time do outro lado e é um time experiente”. Diante de um novo Congresso em fevereiro, que vem reforçado com nomes ligados ao bolsonarismo, o time experiente de Lula terá muito trabalho pela frente porque o jogo zera. A construção da nova base governista passa pelos desdobramentos das eleições na Câmara e no Senado e, obviamente, pela distribuição dos espaços no Executivo. Lula toma posse em janeiro, mas só a partir de fevereiro será possível saber como ficou sua relação com Lira e quantos votos terá para aprovar seus projetos no Congresso.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
Foto: Adriano Machado, Reuters