Chamou a atenção na entrevista de Lula para a Globonews a oposição do presidente à instalação de uma CPI dos Atos Antidemocráticos. Circula a informação de que a criação de uma comissão do gênero colocaria os ministros José Múcio (Defesa) e Flávio Dino (Justiça) no foco das investigações. Não é de interesse do presidente da República submeter seus ministros da cota pessoal a um desgaste que se estenderia ao longo de meses e bem no início da gestão. Mas há outro fator que também motivaria qualquer começo de governo a se indispor à tal CPI: a necessidade de aprovar seus projetos no Congresso no curto prazo. Uma CPI dispersaria as atenções políticas, demandaria direcionamento da estratégia para que o governo saísse ileso e obrigaria o Planalto fazer um esforço extra de negociação, que precisaria se concentrar, por exemplo, no novo arcabouço fiscal e na Reforma Tributária. O problema para o governo vai ser desmobilizar seus aliados, como os senadores Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, que já se movimentam para conseguir assinaturas suficientes para a instalação da comissão.
Daiene Cardoso e Chico de Gois – Direto de Brasília
Foto: Reprodução Globonews