Os questionamentos feitos por Lula sobre a autonomia do Banco Central em entrevista à Rede TV!, ontem, fomentaram especulações entre aliados do governo sobre quais ferramentas o presidente pode usar para forçar a queda da taxa Selic, já que o mandato de Roberto Campos Neto vai até dezembro de 2024. Uma delas é o mandato duplo, instituído na lei que deu autonomia ao BC, pelo qual além do controle da inflação a instituição também tenha entre seus objetivos a criação de empregos. A ideia, no entanto, esbarra na queda do desemprego no ano passado. Outro caminho é o Conselho Monetário Nacional (CMN), que define a meta de inflação e é integrado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e Campos Neto. Circula entre petistas um artigo de 2022 do economista Paulo Nogueira Batista Jr. propondo a ampliação do CMN para até 9 vagas. Outro caminho é a indicação de quatro diretores do BC cujos mandatos acabam neste ano. Fernando Haddad já disse que a prerrogativa é do presidente da República. Isso pode ser usado em uma negociação com Campos Neto. Por fim, o governo espera usar o BNDES como contraponto ao BC. A ida de Lula à posse de Aloizio Mercadante na presidência do BNDES é um sinal do prestígio e importância que o presidente dará ao banco estatal.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo
Foto: Marcelo Camargo, Agência Brasil