Desde que chegou ao STF, o traço mais eloquente de Rosa Weber é, justamente, seu silêncio. Enquanto os demais ministros mantêm conversas reservadas que ajudam jornalistas, advogados, membros do parquet e políticos a entenderem melhor sua jurisprudência, Rosa sempre se manifestou nos autos. A ministra tomará posse como presidente do Supremo na segunda e nem mesmo seus pares sabem exatamente o que falará em seu discurso de investidura. Sua futura gestão, no entanto, não deve trazer surpresas, atuará com força contra a corrupção e passará longe da corrente garantista do STF. Por outro lado, a ministra de voz doce e de pena ácida, terá de aprender a ser a voz institucional do Judiciário não só mais nos autos. Também em pronunciamentos públicos e num campo que até agora se mostrou avessa: a política judicial. Chefe de um dos Poderes durante eleição que se promete arraigada e até mesmo exaltada, a ministra terá de se mostrar para além da virtuose no Direito, uma líder capaz de conciliar interesses em busca do equilíbrio de uma nação dividida.
Severino Motta – Direto de Brasília