O timing do pedido de abertura de inquérito feito pela Polícia Federal para investigar Jair Bolsonaro em relação à pandemia, bem como sua divulgação, deixa transparecer um pouco do que está acontecendo hoje dentro da PF. Na corporação, cada gestão escolhe prioridades para operar e melhor alocar seus recursos humanos e financeiros. Durante o governo Jair Bolsonaro, a PF fez menos operações de combate à corrupção do que nos governos anteriores. O Planalto revelou que os números estão assim devido ao “fim da corrupção” promovido pelo atual morador do Alvorada. O pedido de inquérito de ontem sugere que alguns delegados estariam apurando atos do governo que supostamente poderiam ter alguma falha. Nos corredores da PF há boatos de divisão da instituição em dois grupos. Um estaria mais alinhado à atuação técnica. Outro alegaria uma eventual falta de recursos para apurar assuntos de seu interesse. Entre os temas poderiam constar investigações sobre o presidente e família bem como relacionadas à RP-9. Ainda entre estes boatos ouve-se que há crescente trabalho sendo feito por esse segundo grupo e que muito poderia — ou não — ser visto a depender do resultado das eleições.
Severino Motta – Direto de Brasília