Até a sexta-feira, o acordo para manter as emendas de relator no orçamento estava costurado entre o novo governo, Congresso e parte do STF. Porém, na transição existiu a avaliação de que Arthur Lira estaria recebendo e pedindo coisas demais. Além do orçamento, demandas por espaços na futura gestão foram ampliadas nos últimos dias. Também foi ponderado que, na liberação das emendas de relator, as mesmas seriam uma espécie de pagamento adiantado que valeria possivelmente por dois anos. O entendimento foi que Lira simplesmente desconsideraria o “presente” e seguiria apresentando demanda a cada votação importante que viesse a acontecer. A decisão da futura administração pegou de surpresa o próprio Lira, que viu o ministro do STF Ricardo Lewandowski derrubar as emendas de relator. O fiador da articulação dentro do Supremo, Gilmar Mendes, foi avisado dos novos planos e tomou o lado de Lula tentando minimamente não fechar portas com Lira. Mendes, numa canetada, assegurou os recursos do bolsa família, ponto mais sensível que poderia sofrer retaliações por parte de Lira ao votar a PEC da Transição. E soprou ao votar pela manutenção do orçamento secreto. Dentro dessas articulações palacianas, Lula quis mostrar quem é que manda.
Severino Motta – Direto de Brasília
Foto: Sérgio Lima, Poder 360