O discurso de Edson Fachin em sua posse no TSE serviu para mostrar como Jair Bolsonaro foi capaz de sequestrar a Justiça Eleitoral. Cada palavra proferida na noite de terça-feira foi uma resposta às críticas bolsonaristas, que mesmo sem ter provas foi capaz de minar a credibilidade da Justiça Eleitoral junto a uma parcela da população. Em sua fala, Fachin refutou a suposta insegurança das urnas, citou o robusto sistema de proteção das redes do TSE, destacou a necessidade de uma imprensa livre com uma Justiça transparente. Até mesmo a defesa de minorias fez parte do discurso do novo chefe da Justiça Eleitoral. Tal abordagem ecoa o comportamento do Judiciário em 2018, que não teve êxito na tentativa de reduzir os danos da desinformação e das fake News. Ao tratar politicamente os temas deveriam ecoar na imprensa e nas redes através de decisões judiciais efetivas, Fachin acaba amplificando no debate público justamente a narrativa bolsonarista que visa combater. Nos corredores do TSE, é dado como certo que tanto Fachin quanto Alexandre de Moraes usarão mais os autos que os discursos para combater a divulgação das narrativas bolsonaristas. Mas, caso isso não seja feito com celeridade e eficácia, parte do que aconteceu em 2018 pode se repetir.
Severino Motta – Direto de Brasília