Lula aproveitou a longa entrevista de hoje para falar à esquerda. Por um lado, o petista jogou para a torcida ao dizer que as prioridades de um eventual terceiro mandato serão ditadas pelas necessidades da sociedade e não pelo mercado financeiro. Ele disse, por exemplo, que pretende adotar metas de criação de emprego junto com as metas de inflação, mas não fechou a porta para o diálogo com o sistema financeiro. Por outro, falando aos setores que tem bombardeado a aliança com Alckmin, Lula deixou claro, reiteradas vezes, que pretende criar uma ampla aliança que lhe permita não só ganhar a eleição, mas governar com apoio suficiente para fazer as mudanças que julga necessárias. Principalmente a Reforma Tributária. Mais do que o centro, Lula disse explicitamente que espera atrair a centro-direita para o que chamou de um “movimento” de reconstrução nacional. Líderes petistas avaliam que Lula pensa na sua biografia e quer entrar para a história como o homem que pacificou o Brasil depois da catástrofe Bolsonaro. Entre os muitos sinais, ele reforçou que pretende desideologizar o debate eleitoral e focar nas questões concretas. Um dirigente destacou uma frase de Lula que resume o espírito da entrevista: “Tenho que entrar despojado da minha visão pessoal. E isso não é ouvir só um lado, é ouvir o Brasil”.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo