Jair Bolsonaro, presidente da República, faz cálculos diferentes de Jair Bolsonaro, candidato à reeleição. Esta foi a avaliação de um interlocutor do presidente ao falar das denúncias contra o ministro da Educação, que provocaram uma divisão e a ira de pastores evangélicos. Bolsonaro, presidente, diz que põe “a cara no fogo” por Milton Ribeiro mas, de acordo com uma fonte palaciana, o presidente está no modo “a menor crise é a melhor crise”. Segundo este interlocutor, “mesmo achando que não há nada de errado, nem que o ministro cometeu nenhum ato ilícito, o candidato-presidente sabe que não pode desperdiçar semanas preciosas num calendário eleitoral com polêmicas inúteis”. Prosseguindo o raciocínio, a fonte explica que durante os três anos de governo, o presidente Bolsonaro tinha tempo para comprar brigas. “Agora, tem de fugir delas. Sobretudo as inúteis. Ele é de bater o pé. Mas como candidato está sendo colocado diante da necessidade de ser pragmático”, observou a fonte, reiterando que “o presidente pode botar a cara no fogo. O candidato não”. E, nesse momento, prosseguiu o interlocutor, o mais natural e racional é que “o modo candidato prevaleça sobre o modo presidente”, por questão de sobrevivência política. Bolsonaro não previu prazo para a decisão, mas está digerindo todas as avaliações que recebeu sobre o caso. A fonte ouvida pelo BAF aposta que ele terá de agir, neste caso, como candidato e não como presidente, e o mais rápido possível, para reduzir os danos.
Tânia Monteiro Direto de Brasília