Interlocutores diretos do presidente disseram ao BAF que Bolsonaro vai continuar dando as cartas, pautando o debate político. Para o Planalto, essa narrativa política é importante porque deixa de lado questões incômodas para o governo, como inflação alta, desemprego, elevação dos preços dos combustíveis, dentre outros. Bolsonaro preferiu ser comedido ontem, de acordo com uma fonte, porque o mais importante desse processo são os ganhos políticos que ele vem obtendo que não são, obrigatoriamente, ganhos eleitorais. Neste momento, é a narrativa política. Para Bolsonaro, a campanha está polarizada e é ele versus Lula, é ele versus o STF. Ou seja, isso deixa Lula e Supremo do mesmo lado. A Corte que destruiu a Lava jato, que inocentou todos os condenados, condenou Sergio Moro, entre outras coisas. Com isso, promove a narrativa de que esse pessoal (petistas e STF) está do mesmo lado e o Bolsonaro está contra eles. Desta forma, a polarização com o Supremo deixa Bolsonaro em um polo oposto e isso, politicamente, não é ruim. Justamente dentro desse raciocínio, de acordo com este interlocutor do Planalto, somente uma pessoa com enorme “honestidade”, como Bolsonaro, é capaz de enfrentar um poder tão forte. Lembra ainda que os políticos tradicionais, como Renan Calheiros, Ciro Nogueira, Arthur Lira, nenhum deles têm coragem de enfrentar o STF. Um “corrupto” não enfrentaria esse poder.
Ainda neste contexto, a fonte ressalta que Bolsonaro sai ganhando, aos olhos da população e frente a Lula, ao enfrentar algo tão grandioso, como o STF, que “está se mostrando parcial”. Assim, o presidente cresce e Lula fica “pequeno”. Além disso, quando se está discutindo com o Supremo e não sobre questões do mundo real, se está pautando o debate, adiando assuntos espinhosos. O Planalto considera que a estratégia está dando certo.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília