Fora a conciliação do ICMS, foi possível observar dois atos do STF nesta quinta-feira. Um deles escancara o porquê de os presidentes da República gostarem tanto de indicar ministros da Corte. Kassio Nunes Marques, por exemplo, mostrou-se arrojado ao derrubar sozinho uma decisão final do TSE, recuperando o mandato e direitos políticos do bolsonarista Fernando Francischini. Ao indicar um magistrado, os presidentes presenciam o fenômeno das coincidências. Por sorte ou acaso, as decisões do ministro nomeado sempre se casam com os interesses do mandatário que o levou a Corte. Noutro ato, André Mendonça exigiu que Bolsonaro explicasse em 10 dias porque foram postas em sigilo as informações do encontro dos pastores lobistas do MEC com integrantes do Planalto. Tal notícia pipoca na imprensa e todos ficam com a impressão que Mendonça tenta mostrar independência. Bobagem. O pedido de informações é ato formal e obrigatório devido ao regimento do STF. Mendonça só assinou o despacho, o pedido mesmo foi feito pelo regimento da Corte. Além disso, os dados das visitas já foram abertos. Bolsonaro conseguirá dar sua versão – possivelmente alguma em que terceiriza responsabilidades – e afasta o andamento processual do período eleitoral. Num dos atos, tudo é o que parece, noutro, não é nada do que parece.
Severino Motta – Direto de Brasília