A crise causada pelas vaias a Paulinho da Força (SDD) em evento com sindicalistas na semana passada revela uma encruzilhada da campanha de Lula. Enquanto o pré-candidato tenta passar a ideia de que sua candidatura representa um movimento para além da esquerda, simbolizado pela escolha de Alckmin como vice, a base continua dando sinais de sectarismo. O SDD de Paulinho é, por enquanto, o partido mais ao centro da aliança lulista e agora ameaça roer a corda. Há quem identifique entre os autores das vaias o mesmo grupo que hostilizou Ciro em um ato contra Bolsonaro no ano passado. Nas redes sociais a disparidade entre o discurso de Lula e o comportamento da base é ainda mais visível. Enquanto isso, o bolsonarismo age como a disciplina de um exército digital. A base sindical foi fundamental na resistência durante a prisão de Lula e está no centro do projeto de criação de comitês populares, que ainda não mostrou resultados, mas é uma grande aposta do PT. Para lideranças petistas, a mensagem de unidade do candidato ainda não chegou à base.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo