As mensagens do presidente eleito Lula têm desagradado o mercado, mas seu vice-presidente Geraldo Alckmin procura ser a voz moderadora. A PEC da Transição é o primeiro desafio político e econômico do novo governo porque traz o risco de aumento descontrolado do gasto, mas o jogo da âncora fiscal que vai substituir o teto está no começo. O teste do real poder político do novo governo ocorre no Congresso, mas os parlamentares, especialmente os do centrão, não vão ceder o espaço orçamentário que ocuparam. Estrategicamente, deputados e senadores vão resistir ao plano de Lula de conseguir retirar o Auxílio Brasil do teto por quatro anos. Não faz sentido político para os parlamentares perder poder espontaneamente. Lula fala duro com os que reclamam do aumento de gastos, mas Alckmin pondera que o novo governo terá responsabilidade fiscal, vai cortar despesas e, obviamente, está preocupado com a inflação que prejudica a todos, mas especialmente os mais pobres. O vice-presidente eleito deixa claro que o governo Lula quer mudar o motor do crescimento da atividade, o que significa retomar o plano de o investimento público ser prioritário. O teto de gastos começou a ser destruído no governo de Jair Bolsonaro quando Paulo Guedes reclamou de R$ 90 bilhões em precatórios que teriam de ser pagos. A dúvida está na âncora fiscal que vai tentar controlar a trajetória da dívida.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
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