Alvo de fogo amigo desde antes mesmo de tomar posse, Fernando Haddad sabe que vai enfrentar oposição de setores do PT e do governo ao projeto da nova regra fiscal. Por isso o ministro está construindo uma rede de apoios antes de a proposta se tornar pública. Ele já mostrou o desenho do novo arcabouço a Roberto Campos Neto, Simone Tebet e Geraldo Alckmin e, em linhas gerais, a Arthur Lira. No entorno de Lula, há a expectativa de que o presidente queira dar um toque pessoal na proposta, mas falar em “estelionato eleitoral” é prematuro e exagerado. Haddad não é Joaquim Levy e o novo arcabouço não é o teto de gastos, que Lula prometeu extinguir. O PT não é, em princípio, contra uma regra fiscal. Tanto que o partido chegou a apresentar uma proposta alternativa ao teto de gastos no Congresso. Além disso, o presidente ainda não analisou a proposta e, portanto, quase tudo que se fala sobre o assunto é especulação. Para contrapor a comparação à Dilma 2, petistas próximos de Haddad lembram que o próprio Lula adotou uma política de responsabilidade fiscal no início de seu primeiro mandato.
Ricardo Galhardo – Direto de Brasília
Foto: Evaristo Sá, AFP