O presidente do Banco Central avisa que o diretor de Política Monetária tem uma interface muito grande com o mercado financeiro, o que exige dele capacidade técnica. Roberto Campos Neto fez esse comentário em meio à expectativa de o presidente Lula enviar os dois nomes que vão ser submetidos a sabatinas e votações no Senado. O ministro Fernando Haddad informou que o anúncio será feito depois da viagem à China, que começa em 11 de abril. Na avaliação dele, os diretores do BC, no regime da autonomia operacional, darão mais entrevistas, como acontece nos Estados Unidos, mas politizar um processo que é técnico deixa todos preocupados na instituição. Uma das vantagens da autonomia, segundo ele, é não concentrar tudo na imagem do presidente. Além desse recado para o governo na escolha do substituto de Bruno Serra na diretoria de Política Monetária, Campos Neto ressaltou que discorda de duas afirmações que vêm sendo repetidas pelos seus críticos. O Brasil tem inflação de demanda e descumpre metas na mesma frequência de seus pares emergentes, que têm inflação e metas menores. Se a política monetária impõe custo alto à sociedade, o presidente do BC avisa que muito pior é não combater a inflação. Como exemplo, citou o aumento da pobreza extrema na Argentina. Campos Neto também alertou que o direcionamento do crédito no Brasil é de 42%, um dos mais altos do mundo, o que diminui a potência da política monetária.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Marcelo Camargo, Agência Brasil