Desde a vitória de Lula, é grande a expectativa sobre qual será a marca econômica do terceiro mandato do presidente. O primeiro grande teste de Fernando Haddad foi a negociação para aprovar a PEC da Transição. Em dezembro, Haddad foi vencido na proposta de retomar a tributação sobre combustíveis que ia até o fim do ano passado. Em poucos dias saberemos se a volta das contribuições PIS e Cofins sobre gasolina e álcool, defendida pelo ministro, vai ser confirmada por Lula. As críticas públicas do presidente contra a Selic puseram Haddad na posição de diplomata para preservar uma relação institucional que tem de ser mantida com o Banco Central. O plano de adiantar a discussão das metas de inflação no CMN foi adiado para depois da apresentação do novo arcabouço fiscal. A substituição do teto de gasto por uma âncora crível que reduza os prêmios de risco é o teste mais importante porque Haddad é o chefe da política fiscal, mas quem tem mandato popular é Lula. Na Reforma Tributária, outra demanda de décadas que nunca foi atendida, a cobrança sobre Haddad é menor porque o sucesso depende de múltiplos agentes políticos. O governo Lula tem menos de dois meses no poder, o que torna inviável qualquer especulação sobre o potencial de Haddad ser candidato a presidente em 2026, mas a cadeira de ministro da Fazenda costuma pulverizar essas pretensões, com a exceção de Fernando Henrique Cardoso.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Wilton Júnior, Estadão Conteúdo