A colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, informou que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, pediu uma audiência com o presidente Lula para reclamar do fogo amigo contra ele e até mesmo cogitaria a possibilidade de deixar a empresa. Isso não é bom.
Lula não gosta de ser emparedado – ainda mais com pauta adiantada pela imprensa. O presidente também não gosta que seus liderados demonstrem publicamente irritação com o governo.
Em 20 de agosto de 2009, Aloizio Mercadante era líder do governo no Senado e anunciou sua renúncia, em “caráter irrevogável”, por não concordar com o apoio do Planalto no arquivamento de denúncias contra José Sarney na questão dos atos secretos. Durou apenas um dia. Lula lhe deu uma bronca e disse que líder que é líder não renuncia ao posto.
Para deixar a situação menos dramática para Mercadante, escreveu uma carta na qual dizia que não concordava com a renúncia – e Mercadante, no dia seguinte, anunciou que permanecia na função.
Não se pode dizer ainda que Prates deixará a Petrobras agora. Mas o anúncio público de emparedamento certamente contribuirá para a contagem de prazo.
Em baixa – O presidente da Petrobras não conta com a defesa do setor de óleo e gás por sua manutenção no cargo.
Entre agentes deste setor, a impressão é que “agora ele vai”. A forma de Prates de comandar a estatal tem sido deletéria para pelo menos algumas petroleiras independentes.
Outro fator que pesa contra Prates é não ter um grande padrinho político, que reclamaria em perdê-lo. Prates foi suplente da senadora Fátima Bezerra, que se elegeu governadora no Rio Grande do Norte, mas Bezerra não estaria disposta a arriscar sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para salvar Prates, que não tem privilegiado assuntos do RN.
Já o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem fortes padrinhos políticos, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), e Gilberto Kassab, presidente do PSD e atual secretário de Relações Institucionais de São Paulo.
Chico de Gois e Flávia Pierry – Direto de Brasília e São Paulo
Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado