Enquanto o MME e a Aneel mencionaram preocupação com o custo da energia devido à redução da vazão pelo Ibama na UHE Belo Monte desde o dia 14, o ONS está preocupado com falta de energia no sistema durante o período seco.
O diretor-presidente do ONS, Márcio Rea, afirmou em carta enviada ao Ibama (que o BAF teve acesso) que a redução de vazão de Belo Monte pode causar “impactos relevantes à confiabilidade do atendimento eletroenergético do país” e causar aumento do custo “imediato e futuro” da operação do sistema.
O alerta de Rea afirma que a geração de Belo Monte (de dezembro a junho) permite que os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste se recomponham, garantindo energia para o período seco na região (de abril a outubro).
Como chove muito na usina, a determinação do Ibama ainda não teve reflexos na geração de energia, que segue dentro da média para o período.
Hidrograma – A alteração da vazão de Belo Monte, determinada pelo Ibama no dia 14, seria uma mera medida temporária de proteção à desova dos peixes. Porém, acabou se tornando um teste sobre as reações ao que seria um novo hidrograma de consenso para a operação da usina.
Ficou claro e público quem estaria disposto a aceitar um novo hidrograma e quem seria contra. O ministro Alexandre Silveira riscou a linha e disse, em coletiva sobre o CNPE, que aceita a mudança se for só por 20 dias, durante a piracema. Mas que é “absolutamente contra” mudar o hidrograma, pois quebraria a usina e os acionistas, seria como fechar a usina.
O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, fez as contas para demonstrar que isso reduziria a geração no sistema interligado e aumentaria tarifas. Já o ONS falou que reduzir a vazão ainda mais do que o hidrograma B causaria falta de energia no período seco – uma fala extrema para o ONS, sempre cauteloso em falar de falta de energia.
O tema deve voltar na próxima reunião do CNPE, ainda sem data, quando também deve voltar a discussão sobre Angra 3.
Equipe BAF – Direto de São Paulo
Foto: Lilo Clareto, Amazônia Real
