Fernando Haddad pode não ganhar a eleição, mas certamente plantou na cabeça dos eleitores muitas objeções à privatização da Sabesp. O petista reafirmou que a venda resultaria em aumento da tarifa, o que não foi negado diretamente por Tarcísio. Haddad também usou a reestatização das empresas de água em outros países para dizer que o modelo não funciona. Embora não tenha assumido que vá privatizar a estatal, o bolsonarista falou que vai modelar a venda da Sabesp, o que apenas era assumido em off. Tarcísio fez um movimento arriscado no primeiro bloco, jogando no debate todas as acusações das quais tem tentado se defender. Mas, a partir dali, ficou na defensiva. A história do atraso na entrega de oxigênio em Manaus não foi bem respondida pelo bolsonarista. E Haddad conseguiu colar a pecha de insensível no adversário ao tratar desse tema, de alimentação escolar, vacinação e dependência química. Tarcísio foi monocórdico e parecia ter decorado informações de SP. O bolsonarista surpreendeu ao adotar duas bandeiras da campanha petista: o ICMS zero da carne e bilhete único metropolitano. Um momento crítico para Tarcísio foi o tiroteio de Paraisópolis. Desde o primeiro bloco, Haddad já colocou o bode na sala, avisando que perguntaria sobre isso. O gancho de transparência na segurança pública, no quarto bloco, deixou Tarcísio abalado e ele não conseguiu elaborar uma boa resposta. Em vez de criticar seu auxiliar, tentou apoiá-lo e justificar seu pedido para apagar uma filmagem que poderia servir de prova do episódio.
Tatiana Farah – Direto de São Paulo
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