A campanha de Lula-Alckmin quer aproveitar a onda de repúdio aos ataques feitos por Bolsonaro ao sistema eleitoral e o medo de episódios de violência eleitoral para promover grandes mobilizações de rua e fazer um contraponto aos atos de 7 de setembro anunciados pelo presidente. A nova Carta aos Brasileiros, que será lida na faculdade do Largo São Francisco, dia 11, foi articulada por setores da sociedade civil que tiveram o cuidado de evitar, no texto, palavras que pudessem dar alguma conotação eleitoral, mas é evidente que o grande beneficiário da movimentação é Lula. Hoje Alckmin assinou o documento. Há expectativa de que Lula também assine. Os responsáveis pela carta estão evitando a aproximação de movimentos sociais ligados a partidos políticos com medo de que eles se apropriem do ato, mas estes mesmos grupos já prepararam um calendário de mobilizações na esteira do ato do dia 11. O principal deles, coordenado pela campanha Fora Bolsonaro, foi marcado para o dia 10 de setembro, no final de semana imediatamente posterior aos atos bolsonaristas. Além disso, grupos como o Prerrogativas, que participaram da elaboração da carta, trabalham para trazer artistas, influencers e, principalmente para tentar pulverizar as manifestações com atos simultâneos nas 27 capitais, no dia 11, e transmissão ao vivo da TV. Oficialmente a campanha não participa da mobilização. A ordem é terceirizar o tema da democracia para não fazer com que Lula caia na pauta bolsonarista. O ex-presidente vai continuar priorizando a economia em seus discursos.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo