A Fundação Perseu Abramo realizou na semana passada um debate no âmbito da construção do programa de governo da chapa Lula-Alckmin para discutir a questão dos combustíveis e a Petrobras. Além de Aloizio Mercadante, participaram José Maria Rangel, Magda Chambriard, Rodrigo Leão e o ex-presidente da estatal. Entre as propostas sugeridas estão: usar a Petrobras para fazer grandes obras no setor de gás (gasoduto de escoamento, integração com térmicas), incentivar matrizes renováveis, “abrasileirar” os preços dos combustíveis e retomar a BR Distribuidora. Quase todas essas sugestões já haviam sido reveladas por integrantes da coordenação da pré-campanha, menos a de retomar a BR. As propostas, no entanto, esbarram no novo status da Petrobras, muito diferente de quando o PT deixou o governo, em 2016. O próprio Gabrielli, em conversas reservadas, admite que é impossível fazer com que a estatal volte a ser o que era antes do impeachment de Dilma Roussef e, principalmente, da Lava Jato. As grandes obras, por exemplo, vão no sentido contrário da nova direção da estatal, desmembrada e saindo dos contratos de transporte e distribuição de gás. “Abrasileirar” os preços depende do TCC da Petrobras, do Cade e até do estatuto da empresa. A reestatização da BR é vista como inviável até por representantes de setores mais à esquerda do PT.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo