A eleição do ex-guerrilheiro Gustavo Petro como novo presidente da Colômbia, colocando a esquerda pela primeira vez no governo daquele país, trouxe uma nova preocupação ao Planalto. Para dois interlocutores do presidente, o fantasma do voto branco e nulo assustou o Planalto. A avaliação é de que ocorreu na Colômbia agora o mesmo fenômeno que houve no Chile, em dezembro do ano passado, quando o esquerdista Gabriel Boric, líder dos protestos estudantis de 2011, também ganhou as eleições. Para estes interlocutores, é preciso levar em conta uma fundamental diferença de cenário em relação ao Brasil, onde o voto é obrigatório, ao contrário dos dois outros países. Eles ressaltam que lá, como aqui, a mobilização das esquerdas sempre é muito eficiente e capaz. Essa mobilização vai incentivar os votos brancos e nulos e até a abstenção, a ponto de favorecer o candidato petista. A avaliação é de que, como existe uma polarização muito grande, há também muita gente que não quer nem um lado e nem outro e, com isso, essas pessoas poderiam “desperdiçar” o seu voto, beneficiando Lula. Estes interlocutores não acreditam que uma “onda esquerdista” na região possa contaminar as eleições no Brasil, mas alertam para o problema que podem enfrentar com a estratégia de incentivo ao voto branco e nulo pelas pessoas que estão descontentes com a política e não querem eleito nem Bolsonaro, nem Lula.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília