Embora a equipe de campanha do presidente Jair Bolsonaro tenha certeza de que as medidas sociais e econômicas aprovadas no Pacote de Bondades terão efeito positivo nas próximas pesquisas, uma nova preocupação acendeu um alerta entre os colaboradores que trabalham pela sua reeleição: a corrente que está se ampliando após insatisfação com a convocação dos embaixadores por Bolsonaro para questionar as urnas eletrônicas, na semana passada, e a conclamação à população para o 7 de setembro. Entre esses colaboradores há temor de que os atos não sejam pacíficos e a retórica possa trazer o fantasma de ações “fora das quatro linhas da Constituição”, embora Bolsonaro garanta que não compactua com isso. O que assustou alguns desses interlocutores do presidente foi a amplitude do arco que se formou contra Bolsonaro nos últimos dias, mais por causa de suas falas do que de suas ações. Consideram que ele conseguiu formar, na verdade, uma ampla frente contra ele próprio e o temor é o efeito em cascata que isso pode produzir. Além do ato marcado para o dia 11 de agosto, que promete reunir diferentes segmentos da população para protestos, há ainda a reação dos empresários e pessoas ligadas aos mercados, grupos estes que costumam ficar afastados dessas polêmicas. O temor é que os indecisos e que são antipetistas comecem a balançar imaginando que a economia até está ok, mas riscos democráticos são considerados inaceitáveis. E o problema é que todo esse discurso acaba criando uma onda pró PT. Na realidade, os riscos democráticos na caserna não existem, mas a desconfiança e a sensação na sociedade de que isso possa acontecer é muito ruim para a campanha de Bolsonaro.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília